A Abeso e SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) lançaram em conjunto um documento oficial que propõe uma nova maneira de classificar a obesidade baseada na trajetória do peso. Você pode ter acesso ao artigo clicando aqui.
Até hoje, a maior parte das pessoas ainda acredita que o objetivo do tratamento da obesidade seja normalizar, por assim dizer, o índice de massa corporal (IMC), como se só assim, tornando-se magro, fosse possível obter benefícios clínicos e ter um organismo mais saudável.
No entanto, uma perda de peso que pode parecer muitas vezes até modesta — geralmente acima de 5% — já está relacionada a vantagens para a saúde, independentemente do valor do IMC ao final do tratamento que levou a esse emagrecimento.
De uma maneira extremamente simples, a nova proposta parte do peso máximo que uma pessoa alcançou na vida — mas, atenção, não vale aquele peso da gravidez, nem o do período de lactação ou o de outras situações especiais descritas no artigo. Depois, anota-se o quanto de peso ela já perdeu no passado e calcula-se a porcentagem que essa perda representaria daquele valor mais alto.
Para quem tem um IMC entre 30 e 39, 9 kg/m2, perdas que representem de 5% a 10% do valor mais alto alcançado na vida indicam uma obesidade reduzida. Já perdas acima de 10% apontam para uma obesidade controlada, com uma redução de risco importante para a saúde.
Se, no entanto, o indivíduo tem um IMC igual ou maior do que 40kg/m2, os valores mudam um pouco. Então, para a obesidade ser considerada reduzida, a perda deve representar mais 10% do peso mais alto e deve ultrapassar 15% para a gente falar em obesidade controlada.
A Abeso e todos os autores do documento não têm a pretensão de que a nova proposta substitua as classificações anteriores, mas que sirva de ferramenta adjuvante ou completar para avaliação dos pacientes. E, talvez tão importante quanto isso, para disseminar o conceito de que, na hora de avaliar a obesidade, é fundamental perguntar o peso máximo do indivíduo ao longo da vida para entender a sua história e oferecer o melhor tratamento. Que, leia-se, não deve mirar valores difíceis de serem alcançados na balança, que só servem para destruir o engajamento e favorecer o prejudicial efeito safona.
A nova classificação valoriza muito mais um emagrecimento sustentável, aquele que as pessoas conseguem manter — e essa pode ser, sim, a parte mais desafiadora do tratamento.
Fonte: ABESO, para saber mais clique aqui